Operação Sepulcro Caiado cumpre mais de 160 ordens judiciais para prender grupo que fraudava processos judiciais com envolvimento de servidores do TJMT.
A Polícia Civil do Estado de Mato Grosso, com o apoio institucional do Tribunal de Justiça (TJMT), deflagrou na manhã desta quarta-feira (30/07) a Operação Sepulcro Caiado, com o objetivo de desarticular uma sofisticada organização criminosa que fraudava processos judiciais, causando um rombo de mais de R$ 21 milhões aos cofres públicos.
A investigação, conduzida pela Delegacia Especializada de Estelionato de Cuiabá, identificou a atuação de empresários, advogados e servidores do próprio Poder Judiciário.
O grupo criminoso ajuizava ações de cobrança com base em comprovantes falsificados de pagamento. Em seguida, utilizava um servidor infiltrado no TJMT para simular a existência de valores processuais, transferindo verbas da conta única do Tribunal para contas vinculadas aos processos. Esse artifício permitia o saque de alvarás inexistentes dinheiro público que jamais deveria ter sido movimentado.
17 processos identificados e prejuízo em escala
Até agora, foram localizados 17 processos judiciais fraudulentos, protocolados entre os anos de 2018 e 2022. Em 2023, o TJMT atualizou seus mecanismos de controle e bloqueou a possibilidade de continuidade desse tipo de golpe, mas os prejuízos causados antes da mudança permanecem sendo apurados.
Operação em três cidades e mais de 160 ordens judiciais
- A operação foi deflagrada em Cuiabá, Várzea Grande e Marília (SP). Estão sendo cumpridos:
- 11 mandados de prisão preventiva contra os principais envolvidos;
- 22 mandados de busca e apreensão;
- 16 ordens de bloqueio judicial, que somam mais de R$ 21,7 milhões;
- 46 quebras de sigilos fiscal e bancário;
- Sequestro de 18 veículos e 48 imóveis pertencentes aos investigados.
Crimes atribuídos aos envolvidos
- Os investigados deverão responder por:
- Organização criminosa
- Estelionato
- Falsidade ideológica
- Falsificação de documento particular
- Uso de documento falso
- Peculato
- Lavagem de dinheiro
- Patrocínio infiel
Vítimas e distorções processuais
As vítimas incluem empresários e cidadãos comuns que sequer sabiam que processos haviam sido abertos em seus nomes. Há registros de casos em que empréstimos reais de R$ 100 mil foram manipulados para parecerem dívidas de até R$ 1,8 milhão.
Em uma das ocorrências mais graves, uma pessoa judicialmente interditada teve seu nome utilizado no esquema, demonstrando o alto grau de desumanidade e frieza da quadrilha.