A safra 2025/2026 começou sob fortes desafios para os produtores rurais de Mato Grosso. A falta de chuvas regulares, aliada ao calor extremo e à baixa umidade do solo, já compromete o desenvolvimento inicial das lavouras de soja e preocupa agricultores em todas as regiões do estado.
Segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), o cenário é de alerta. Apesar dos números indicarem avanço no plantio, a situação real no campo é mais crítica, com germinação irregular, lavouras desuniformes e casos de replantio.
O presidente da entidade, Lucas Luís Costa Beber, destacou que o momento exige cautela e atenção.
“A situação no estado é preocupante. Apesar dos números mostrarem que o plantio chega a 60%, temos reclamações em todas as regiões: atraso de plantio, sementes com baixa germinação e replantio. O estresse hídrico causado pela falta de chuva e o excesso de calor têm reduzido o porte das plantas”, alertou.
Beber ressaltou ainda que o atraso nas precipitações encurta a janela ideal de plantio do milho, o que pode comprometer a produtividade da safrinha 2026.
“Cada dia sem chuva representa menos potencial produtivo no campo. Quando a umidade do solo é insuficiente, o estande de plantas fica falhado e o desenvolvimento comprometido”, explicou.
Em algumas propriedades, o avanço do plantio está bem abaixo do esperado.
“Nesta fazenda onde estou, o plantio de sequeiro começou em 15 de setembro e, agora, em 24 de outubro, está apenas em 62%. Normalmente, essa operação se conclui em menos de 15 dias. O atraso é reflexo direto da estiagem e da instabilidade climática”, afirmou Beber.
A Aprosoja-MT segue acompanhando a situação de perto e mantém contato com órgãos meteorológicos e técnicos para orientar os produtores e buscar alternativas de manejo.
Especialistas explicam que o fenômeno El Niño ainda influencia o regime de chuvas no Centro-Oeste, prolongando os períodos de seca e aumentando o risco de queda na produtividade, especialmente nas áreas de plantio de sequeiro.
Enquanto aguardam o retorno das chuvas, os agricultores têm adotado estratégias de mitigação, como o escalonamento do plantio e o uso de cultivares mais resistentes ao estresse hídrico.
Mesmo diante das adversidades, Beber reforça a resiliência do produtor mato-grossense:
“O produtor de Mato Grosso sabe lidar com dificuldades, mas este é, sem dúvida, um dos inícios de safra mais desafiadores dos últimos anos.”